Aquerenciado aqui pelo glorioso e
querido Bairro Laranjal, conhecido também como Praia do Laranjal, margeia a
Lagoa dos Patos, Zona Sul. Moradores amigos barbaridade! Hoje, depois de alguns
dias, sem ver a cor da água na torneira, resolvi montar ronda à espera do
líquido potável, afinal as notícias eram alvissareiras. Desde às duas horas da
manhã; torneiras abertas, som baixinho, música para relaxamento, queria ser um
dos primeiros a recepcioná-la. O Astro-Rei apontou no horizonte, e nada!
Sabes, nunca havia passado por
uma situação dessas, tão aguda, assim, não! Ao passar das horas, as caixas d’água
secando; em contrapartida ao que limpar e lavar acumulando, a caixa d’água
reserva rareando e já revelando os resíduos depositados ao fundo, calor forte. Nessa hora,
checa-se o estoque de desodorante! Um dilema!. As perspectivas de normalização,
todas fazendo boquinha de siri. Vai-se ficando meio atordoado, meio assombrado,
pensativo, meio sonolento, quase cataléptico. Portanto, acredito, talvez o
episódio não tenha passado de um mero sonho, uma alucinação, ou miragem. Sei
que quando dei conta da vida, retornando à lucidez, essa história, que agora relato,
apresenta-se confusa entre a realidade e um sonho sonhado, contudo, tudo muito
claro na memória, que nem água cristalina, como seja:
A certa hora do dia, passei mãos em
um banquinho mocho tipo de campanha, cuia de mate chimarrão, servi o mate, de
modo a ter uma conversinha ao pé do ouvido, como dizem lá na campanha. Sentado
ao lado de uma torneira que fica na calçada, próximo à rua, mal começou a
conversa passou, um veículo passou outro, outro e outros tantos, taparam-nos,
literalmente, de poeira, a prosa foi pouca, devido a esse particular. Era tanta
poeirada que nem eu mais enxergava a torneira e nem ela mais me via. Lembrei do
tempo que fui tropeiro estrada a fora, bebia mate com terra vermelha. Portanto
já não sendo marinheiro de primeira viagem, em assunto de poeira de estrada, ou
seja: calejado no assunto. Só pude dizer rapidamente - por favor! -veja se dá uma
força hoje, libera algumas gotas, preciso passar uma água nas canelas. Levantei
rapidamente cuspindo poeira, se ela respondeu, já não mais estava ali para ouvir
a resposta. Bueno daí corri para o pátio, instalei o banquinho mocho, estrategicamente
bem ao centro, pois dali ficava perto das outras três torneiras externas. Isso pra
ganhar tempo e falar com a torneira que serve o pátio, a do tanque e da pia
externa auxiliar, todas participariam da mesma conversa. Bom!, bem posicionado
– pensava: - daqui já falo com as três numa conversa só. Daí fui firme e determinado!
Perguntando! Alguma de vocês pode liberar poucas gotas d’água hoje? Repeti a mesma ladainha da primeira vez,
afinal hoje já vai pra mais de semana, é preciso passar uma água nos pés, pelo
menos, nem que seja. Uma caneca cheia já serve. Olha só, conto uma coisa: se eu
não estivesse presente juro que não acreditaria no que ouvi. Até acho que pode
ter sido uma fala que tenha vindo por cima do muro trazida pelo vento. Mas que
escutei, escutei! o que uma delas falou: -
“não depende de boa vontade, isso é problema da conjuntura”!