sábado, 3 de dezembro de 2011

SENSIBILIDADE



Era de hábito a freqüência a certo local,para repor as forças, com razoável regularidade minha. Postava-se defronte ao prédio pessoa de aspecto franzino e aparência de já ter passado de meio século de existência, ali, a oferecer préstimos, aliás, de reverência tanta a ponto de sentir-se desobrigado à ousadia de oferecer seus obséquios. Simplesmente se acomodava ali nas proximidades, inerte, digo, sem jamais abordar os eventuais freqüentadores.
Ficava de pleno, subentendido, para quem não sabia, que ali estava alguém na
expectativa da generosidade das pessoas ao que se retirarem e retornarem a seus
respectivos destinos, alguns costumavam acenar para chamá-lo a ofertar um pequeno valor em contrapartida pelo seu tempo colocado ao dispor de quem assim, porventura, o entendesse tivesse utilizado. Quem tivesse prestado atenção teria observado que existia uma boa dose de modéstia, quem sabe, auto-estima um tanto sensibilizada, sobretudo uma compassível temerosidade – analisem os especialistas-, que não lhe permitia sequer investir junto ao temporário cliente,haja vista que a impressão é de que para ele a humildade estava tão arraigada
ou incrustada, no seu modo de ser e aparentava tanta resignação a ponto de preferir não receber qualquer óbolo a ter de deixar transparecer um gesto de insinuação de que estaria a pedi-lo, preferia esperar o chamado de uma ou outra espontânea oferta, a uma certa distância.
Como de costume quase cotidianamente dirigia-lhe rápidas palavras, além do cumprimento habitual de todo dia. Certa oportunidade,ao retirar-me, conversei rapidamente com
ele quando, então, faço em tom descontraído, um breve comentário: -- hoje te vou obsequiar com esta importância, para compensar os dias que aqui não venho. -Disse
ele: palavras textuais. –“Você nem precisa me dar nada em dinheiro, o teu
cumprimento prá mim já é uma gorjeta, geralmente nem isso eu recebo”. Senti
nesta frase, da forma como foi posta, um grito mudo de como quem desesperadamente
quer gritar ao mundo dizendo -olhem eu estou aqui e se me derem a mínima atenção eu serei mais feliz e terei mais força de ânimo e de vontade até mesmo para trabalhar com mais alegria e quem sabe coragem para ir em busca de me capacitar melhor para enveredar na conquista de uma oportunidade nova de trabalho. É uma cena para sensibilizar o mais duro coração.
Portando, funcionou isso como um reforço ao lembrete de se persistir, sempre que possível, em ser solidário pela vida afora, pois o que não custa nada para quem distribui , para quem recebe --simples e desonerado “alô” poderá servir de estímulo e pode fazer muita diferença na
vida de alguém. Por outro lado, apesar de não estarmos associando este breve relato aos versos a seguir, por oportuno, os escrevemos em alusão ao tema “humildade”que, ora, nos inspira e merece todo nosso carinho e respeito.


HUMILDADE

Ahumildade em desamor
Écomo inverno em tempestade
Masé primavera na bondade
Qualfragrância de uma flor

Genuínahumildade é virtude
Arraigada em alma generosa
Sem jamais ser licenciosa
Em seus desígnios de licitude

Humildade é sabedoria e nobreza
Ao descomprimir na inseguridade
Não abonando impropriedade
Pois no coração tem grandeza

Humildade lidera sem coerção
A conquistar na habilidade
A persuadir a espontaneidade
No sentimento da inserção

Dotes e méritos a todos, estão
Outrossim o mérito na humildade
E porventura indispor obviedade
De arranjo, é só uma questão