Famoso escultor, em seus relevos assinou
tantas e tantas ímpares e grandes obras, respaldado no seu dom
criativo inesgotável e admirável. Inventivo,
operoso e laborioso confinava-se em seu ateliê a trabalhar dias e dias, horas e
horas, impensadamente, sem parar, pela
arte, ausentava-se da vida, dos seus afetos, até da razão maior de sua
inspiração. Pois, num dado momento, não mais que de repente ela partiu sem
aviso prévio. Ficou ele só, soturno e perdido em sua inspiração criativa. Sensibilizado
em função de todo aquele talento agora inerte, desperdiçado, só lhe restava clamar
para que a inspiração, agora, razão de sua vida, fosse preservada.
INSPIRAÇÃO
A vida que respirava
o mar em movimento
como sol, brilhava
sem jamais deixar
sequer um momento
de fixar
na terra o calor
de um coração
que pulsava no amor
a própria canção
e a voz do cantador
a luz do sol
a força da oração
a calmaria do mar
o vento a curvar
à figura de escol
e o que restou?
foi o que deixou:
inverno à terra esfriar
parece tudo carregar
como avalancha em ação
até o ar a sufocar
pois se assim é
leve tudo que quiser
seja lá o que for
o teu cheiro de mulher
mas por favor,
deixe a inspiração!
Nenhum comentário:
Postar um comentário