terça-feira, 18 de junho de 2013

AREIAS


 

                                                     Relato que ensejou inspiração ao poema intitulado PRAIA

                    A certa época, a praia de muitos era ir à praia. Esta em especial, bela e esplêndida, local de exuberante e rara beleza; águas claras de azul-esverdeado, ondas medianas, areias alvas e brancas, estes, alguns entre tantos outros atrativos a obsequiar. Na verdade a natureza por ali privilegiada em muitos e muitos atributos. Talvez pela quantidade do muito qual tinha a oferecer aos freqüentadores, com certeza, por isso alguns tenham feito desse espaço, a praia preferida.
                    Por ali muitas beldades acorriam ao local. Uma delas, devemos reconhecer, exercia uma energia de ar contagiante a ponto de despertar na lembrança de gauchesca memória a instigar melhor compreender as palavras daquele poeta sulino que dizia: “quando o cupido do amor flecha o coração, nessa interativa interface do jogo do amor na relação de um homem e uma mulher; a mulher pretendida/amada pode vir a exercer no homem o poder da influência atrativa representada pela impulsão da força de dez “juntas” ou parelhas de bois”.
                   Contudo, notava-se, ela, beldade, sempre dispersa e solitária parecendo pairar austeridade que ao ver ali instalar-se ao relento; atmosfera como algo que um traço a delimitar, contudo, num estreito descerrar deixando transparecer uma linha de imaginativa fronteira qual inibia a possibilidade de aproximação a desencorajar porventura alguma eventual abordagem de bate-papo. Tantas vezes o vaivém, o caminhar costumeiro, banhos de sol, a certa distância discretamente ao observá-la parecia mostrar-se comprometida tão somente com a curtição daquilo ao que, ora, estava a se propor - curtir o sol e a natureza.
                    Forte era o apelo em investir a desvendar esse ar formal. Quando não mais   tomado dessa decisão ao desconhecido resultado dessa empreitada,aliás, consciente da pouca possibilidade de  alvissareira recepção, quando: Dado momento desse dia, para grata surpresa, inobstante considerável relativa distância; a beldade ao passar esboça  singular gesto de cordial cumprimento. Diante desse estonteante quebra-gelo, respira-se clima de nova alma. De fato, ao ensejo do entusiasmo não se deve deixar para depois o que pode fazer agora; não podia ser diferente diante da oportunidade para casual colóquio. Ao que por surpreendente foi, ela logo comentando, teria deixado cair algo de uso pessoal e que se tratava de alguma coisa de particular e estimativo valor.
Destarte, então sugerido, tal perda, todavia, poderia corresponder a qualquer objeto com tais e tais arroladas características? –Sim! Comentou ela. O perdido deu-se durante uma de minhas habituais matinais caminhadas pelas areias.
Para não pairar dúvidas quanto a identidade de mencionada perda,em confirmação a inevitável pergunta: - alguma particularidade para identificação da aludida perda? –Sim. Falou, novamente: - visível faz-se expressar na parte interna, gravação com o teor qual confidenciou em cochicho ao ouvido. –Realmente, comenta-se, condiz ao da gravação escrita. Na verdade acabas de encontrar o pertence, podes levar, é teu!
De pronto, faz ela breve relato:–Vês a janela de vidros escurecidos naquele prédio em frente? –Sim. Continuou ela. - Por detrás da vidraça tenho te observado nesses dias todos. Depois de tantos dias preciso confessar: - despertou em mim forte paixão verdadeira. Todavia, precisava constatar, estivesses, entretanto, flechado pela mesma vibração. Tão logo ao sentir essa incrível mutualidade, o objeto perdido foi um arranjo, talvez um marco, quem sabe, um pretexto para essa aproximação que, com certeza, penso doravante se perpetuará para toda eternidade.   
Este relato serviu de inspiração para o poema que escrevo a seguir, com título PRAIA.       

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