Relato que ensejou inspiração
ao poema intitulado PRAIA
A certa época, a praia de
muitos era ir à praia. Esta em especial, bela e esplêndida, local de exuberante
e rara beleza; águas claras de azul-esverdeado, ondas medianas, areias alvas e
brancas, estes, alguns entre tantos outros atrativos a obsequiar. Na verdade a
natureza por ali privilegiada em muitos e muitos atributos. Talvez pela
quantidade do muito qual tinha a oferecer aos freqüentadores, com certeza, por
isso alguns tenham feito desse espaço, a praia preferida.
Por ali muitas beldades acorriam
ao local. Uma delas, devemos reconhecer, exercia uma energia de ar contagiante a
ponto de despertar na lembrança de gauchesca memória a instigar melhor compreender
as palavras daquele poeta sulino que dizia: “quando o cupido do amor flecha o
coração, nessa interativa interface do jogo do amor na relação de um homem e uma
mulher; a mulher pretendida/amada pode vir a exercer no homem o poder da influência
atrativa representada pela impulsão da força de dez “juntas” ou parelhas de
bois”.
Contudo, notava-se, ela,
beldade, sempre dispersa e solitária parecendo pairar austeridade que ao ver ali
instalar-se ao relento; atmosfera como algo que um traço a delimitar, contudo, num
estreito descerrar deixando transparecer uma linha de imaginativa fronteira qual
inibia a possibilidade de aproximação a desencorajar porventura alguma eventual
abordagem de bate-papo. Tantas vezes o vaivém, o caminhar costumeiro, banhos de
sol, a certa distância discretamente ao observá-la parecia mostrar-se comprometida
tão somente com a curtição daquilo ao que, ora, estava a se propor - curtir o
sol e a natureza.
Forte era o apelo em investir a desvendar
esse ar formal. Quando não mais tomado dessa decisão ao desconhecido resultado
dessa empreitada,aliás, consciente da pouca possibilidade de alvissareira recepção, quando: Dado momento desse
dia, para grata surpresa, inobstante considerável relativa distância; a beldade
ao passar esboça singular gesto de cordial
cumprimento. Diante desse estonteante quebra-gelo, respira-se clima de nova
alma. De fato, ao ensejo do entusiasmo não se deve deixar para depois o que
pode fazer agora; não podia ser diferente diante da oportunidade para casual colóquio.
Ao que por surpreendente foi, ela logo comentando, teria deixado cair algo de
uso pessoal e que se tratava de alguma coisa de particular e estimativo valor.
Destarte, então sugerido, tal perda,
todavia, poderia corresponder a qualquer objeto com tais e tais arroladas características?
–Sim! Comentou ela. O perdido deu-se durante uma de minhas habituais matinais caminhadas
pelas areias.
Para não pairar dúvidas quanto a identidade
de mencionada perda,em confirmação a inevitável pergunta: - alguma particularidade
para identificação da aludida perda? –Sim. Falou, novamente: - visível faz-se
expressar na parte interna, gravação com o teor qual confidenciou em cochicho ao
ouvido. –Realmente, comenta-se, condiz ao da gravação escrita. Na verdade acabas
de encontrar o pertence, podes levar, é teu!
De pronto, faz ela breve relato:–Vês
a janela de vidros escurecidos naquele prédio em frente? –Sim. Continuou ela. -
Por detrás da vidraça tenho te observado nesses dias todos. Depois de tantos
dias preciso confessar: - despertou em mim forte paixão verdadeira. Todavia,
precisava constatar, estivesses, entretanto, flechado pela mesma vibração. Tão
logo ao sentir essa incrível mutualidade, o objeto perdido foi um arranjo, talvez
um marco, quem sabe, um pretexto para essa aproximação que, com certeza, penso doravante
se perpetuará para toda eternidade.
Este relato serviu de inspiração
para o poema que escrevo a seguir, com título PRAIA.