Saí, era carnaval
A noite estrelada
Sentei na arquibancada
Um mundo surreal
As escolas desfilando
Eu de arlequim
Ao lado uma colombina
Muita purpurina
Ela, próxima de mim
As vezes me olhava
Talvez para entrosar
Seguia a sambar
A platéia delirava
De súbito, quis ela saber:
--Como é teu nome?
Está com fome?
Muito prazer.
Na minha infância
Ainda muito criança
Oh! parecença contigo
Teu nome - o mesmo de um amigo.
--Muito sensacional.
Em meio a seda e veludo
Carnaval pode não ser tudo
Mas hoje tudo é carnaval
O embalo nos conduzia
Na batucada destemida
Cantando fomos pela avenida
Foi uma noite divertida.
Ao fim da folia
Já no outro dia
Sem máscara nem fantasia
De repente! Explodia!
--Mas você é o João!
Lembra!,Eu brincava de boneca!
Você tinha uma peteca
Nunca cansou de me dizer:
--Quando eu crescer
Vou casar com você!
--Lembra disso?
--Como esquecer!
Lembro, ora, não!?
Trouxe muito miolo de pão
Enchi a tigela
Esborrifei açúcar nela
Era o bolo do casamento
Foi meu melhor momento
Eu menino, tu menina
Ali, nós casamos..
De brincadeira, é lógico
Todavia, algo mágico..
Vem, nos aproxima.
Depois de anos e anos
E tantos desenganos
Bah! Quanto eu chorei
Fostes embora, pra onde não sei
Nosso hoje vira conto de fada
Lembro a jura de menino
É tudo tão Divino!
Deveras providencial
Minha primeira namorada
É o destino a se resgatar
Trazendo a gente a reencontrar
Para sempre juntos ficar
Viva o carnaval!
veigacastro